31.Mai.21
Será que o problema sou eu?
Nas redes sociais, o meu caminho cruzou-se com uma pessoa num momento em que uma conversa se desenrolava sobre DII. Cocó para aqui, cocó para ali, explicar as DII, curiosidades sobre o sistema digestivo, o podcast etc. Depois desse nosso encontro, voltamo-nos a cruzar e de todas as vezes a pessoa fazia questão em dizer-me: “ai pessoal, a Vera, é muito mais do que o cocó! Não falemos sempre de cocó!”.
A primeira vez concordei, sim, eu sou muito mais do que a minha doença. A minha doença (ou doenças) são apenas uma parte de quem eu sou.
A segunda vez, comecei a achar aquilo muito estranho e até incomodativo. Repare-se que a minha presença nas redes sociais é com o chapéu de Super Coach do Cocó e enquanto pessoa que mexe e fundos pelas pessoas com DII em Portugal. Também tenho um perfil privado, onde sou a Vera que tem outras facetas e onde convive com a família e com os amigos e partilha umas postas de pescada de vez em quando. E ter alguém que de certa forma não me permite estar com um dos meus alter-egos, deixa-me desconfortável.
Confesso que fiquei a pensar naquilo. Na terceira vez que me cruzei com a pessoa, ela voltou e fazer exactamente o mesmo tipo de observação. E aí eu percebi. Ela não estava preocupada que as pessoas me conhecem como “Vera do Cocó”. Essa pessoa estava era incomodada porque não sabe lidar com o facto de haver alguém que fala tão abertamente de uma doença crónica e que por acaso mete cocó à mistura.
Enquanto houver comentários e posturas deste tipo, há uma razão para a Super Coach do Cocó existir. Tão simples quanto isto.
Desse lado, já te cruzaste com alguém que te "calava" mas pelo facto dela própria não saber como lidar com o assunto?