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Super Coach do Cocó

O karma de (con)viver com Doenças Inflamatórias do Intestino.

Super Coach do Cocó

O karma de (con)viver com Doenças Inflamatórias do Intestino.

11.Jan.21

O maior quebra cabeças de quem tem DII: o que comer? || What to eat when you have IBD?

Estavam dois cocós a saltar à corda e chegou uma

 

Alimentação é provavelmente a área que mais perguntas gera quando se tem uma doença inflamatória do intestino (DII).

Numa pesquisa no google ou se vaguearmos por alguns grupos do facebook, é fácil ver imensas sugestões das melhores dietas para seguir quando se tem Colite ou Cronh e que alimentos se deve excluir. Acresce que a maior das vezes, se cruzarmos informação, a mesma é contraditória. E nós continuamos em modo desespero sem saber o que comer porque tudo parece fazer mal. 

 Na verdade, nos dias em que correm há muito vudu alimentar, mas não é possível recomendar nenhum porque... nenhum deu provas científicas da sua eficácia no tratamento de uma Colite ou Cronh (e acreditem, há estudos clínicos a decorrer). No entanto, há algumas evidências mais que provadas e recomendações a seguir. (nota: toda a informação que se segue foi partilhada num evento organizado por uma equipa médica e de investigadores do Hospital de Erasme em Bruxelas em 2017). 

 

1) Evitar regimes de exclusão se não forem intolerantes!

Quando se tem uma intolerância/ alergia é possível através de exames clínicos identificá-las. Regimes de exclusão quando não são intolerantes/ alérgicos a médio - longo prazo são na realidade contraproducentes e podem gerar ainda mais carências em cima daquelas que a própria actividade da doença já traz. 

 

2) Intolerâncias são temporárias e variam de pessoa para pessoa

É normal os pacientes com DII terem intolerâncias a certo momento a determinados alimentos. E como é óbvio, são alimentos a evitar. Contudo, são intolerâncias temporárias. Ou seja, são determinados alimentos que hoje comemos e nos fazem um mal terrível e se calhar amanhã, uma semana depois, ou uns meses depois podem ser reintroduzidos sem qualquer problema. Manter um diário alimentar (anotar o que se come e os sintomas) pode ajudar a se perceber quais os alimentos agravam os sintomas. Contudo, lembrem-se que será temporário, por isso, será importante tentar reintroduzir na alimentação, começando com quantidades reduzidas do alimento em questão, e ir aumentando ao longo do tempo. É também importante ter em mente que no que diz respeito a intolerâncias, cada caso é um caso: o que faz mal a uma pessoa, não será o caso noutra. Nos pacientes com DII as intolerâncias mais frequentes são à lactose.E isto leva-me ao ponto seguinte.

 

3) Existem 2 tipos de intolerância à lactose: primária e secundária

A intolerância à lactose primária é uma condição permanente, determinada geneticamente e tem origem na redução da actividade da lactase (que é necessária para digerir a lactose). Desenvolve-se naturalmente, ao longo do tempo, com a diminuição da produção de lactase desde a infância até à idade adulta.

A quantidade de lactose que causa desconforto varia de indivíduo para indivíduo, dependendo da quantidade de lactose consumida, do grau de insuficiência da lactase e da composição nutricional do alimento no qual a lactose é ingerida. 

A intolerância à lactose secundária é uma condição temporária. A actividade da lactase é reduzida devido a doenças ou lesões que prejudicam a mucosa intestinal (como por exemplo doença celíaca não tratada, doença de Cronh, etc.). Quando a doença ou a lesão se cura ou entra em remissão, a actividade da lactase é recuperada. A intolerância pode ser permanente se a lesão for irreversível, como acontece no caso de intervenção cirúrgica com ressecção intestinal.

Por último, pode existir intolerância à lactose e ainda assim consumir queijo, iogurtes, manteiga, etc, sem ter sintomatologia porque têm níveis de lactose mais reduzidos.

 

4) Posso beber álcool?

Na verdade, não existe contra-indiccação da ingestão de álcool com Doença Inflamatória do Intestino. Contudo, o álcool pode irritar a mucosa do estômago e do intestino, mas na mesma medida de uma pessoa normal. É por essa mesma razão que quando se está em crise se deve evitar o álcool: a mucosa já está irritada que chegue, não é preciso mais lenha para a fogueira. Com cuidado e em moderação, um ou dois copos de vinho num jantar com amigos não fará mal nenhum. Convém, no entanto, relembrar que convém confirmar com o médico se a medicação que estão a tomar tem ou não interacção com a medicação. 

 

5) Devo tomar probióticos?

Bom... tendo em conta o sistema digestivo e o seu funcionamento, probióticos com Crohn é inútil. Já na Colite ulcerosa tem um impacto positivo que pode ser comparado ao mesmo benefício que se obtém com a mesalazina (por exemplo, o Pentasa e Salofalk). De facto, os probióticos podem ser utilizados para impedir a proliferação de más bactérias e ter um impacto na sintomologia como diarreias. Contudo, podem ser contra-indicados em caso de imunossupressão. Por isso, o ideal será sempre aconselharem-se com o vosso médico especialista de qual o probiótico indicado no vosso case.

 

6) Que suplementos posso fazer?

Na realidade, pessoas com DII revelam carências alimentares, ou pela actividade da doença ou pela exclusão de alimentos da dieta. Os suplementos devem ser adequados às carências que o paciente apresenta e através de análises clínicas o médico saberá indicar qual o melhor para cada um. Acresce ainda que o objectivo será sempre 1) tratar a causa das carências (ou seja, se estamos em crise, colocar-nos em remissão) e 2) corrigir as carências que o paciente apresenta. 

 

7) E produtos naturais?

A medicina não é fechada em si como muitos pensam. De facto, as terapêuticas alternativas são estudas e medida a sua eficácia. Aquelas que provam ter de facto um impacto positivo na doença são incluídas no tratamento de pessoas com DII. O vosso médico especialista poderá aconselhar-vos.

 

8) Afinal que posso ou não comer?!

Fazer uma alimentação o mais variada possível seguindo a estrutura da pirâmide alimentar. Obviamente que se detectarem um alimento que tem um impacto negativo nos sintomas, retirá-lo durante algum tempo e voltar a reintroduzi-lo mais tarde. No caso das pessoas com DII, frutas e legumes devem ser consumidos moderadamente com especial atenção em períodos de crise. 

Em certos casos clínicos, como por exemplo, no caso de estenoses, há restrições de algum tipo de alimentos por haver risco de obstrução no intestino (isto é, a comida não conseguir passar).

 

Em caso de dúvidas, devem procurar conselho de um especialista credenciado em nutrição para DII. Em Portugal, a CrohnColitePT pode ajudar a encontrar um. 

A Sociedade Europeia de Nutrição Clínica (ESPEN em inglês) publicou orientações para o acompanhamento nutricional de pessoas com DII, com base no consenso científico e na evidência existente. Tanto quanto sei, apenas estão disponíveis apenas em inglês.

 

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Food: probably the area that raises more questions when you have an Inflammatory Bowel Disease. As weird it may seem, there's no straight answer, simply, because IBD patients can, in theory, eat whatever they want, as long it follows healthy diet principles.

IBD patients suffer from temporary intolerances, and that can make it more difficult. However, a food journal, where you write what you ate and your symptoms, can help you identify those foods that increase your symptoms.

This said it is also normal for IBD patients to develop lactose intolerance, that you can get check by a proper medical exam. If you are intolerant, it means you cannot produce the necessary amount of lactase (the enzyme that digests lactose). Therefore, once you eat something with lactose above a certain threshold, you get gastrointestinal symptoms.

ESPEN, the European Society of Clinical Nutrition, published nutritional guidelines for IBD. I suggest you give them a read. It will help you better distinguished what is bullshit and what is actually a piece of good advice to follow. And of course, you can and should always get nutritional advice from clinical experts on IBD.