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Super Coach do Cocó

O karma de (con)viver com Doenças Inflamatórias do Intestino.

Super Coach do Cocó

O karma de (con)viver com Doenças Inflamatórias do Intestino.

25.Jan.21

Se os nossos corpos pudessem falar?... || If our bodies could talk?...

Estavam dois cocós a saltar à corda e chegou uma

 

... provavelmente diriam o quão loucos somos ou quanta sorte temos. Certamente seria muito mais fácil para se fazer diagnósticos e tratamentos e sabe-se lá mais o quê. 

 

Na verdade, "Se os nossos corpos falassem" (If our bodies could talk) é uma tradução literal de um livro que li há uns tempos e sem sombra de dúvida que, para quem não se importa de ler em inglês, é um livro a considerar. Está escrito de uma clara, simples e divertida o que o torna de fácil compreensão. Mesmo em inglês. 

 

James Hamblin, é médico e dedica-se a comunicação, sobretudo desmistificar e pôr por miúdos o que se passa no mundo da medicina. Este livro divide-se em partes seguindo o moto "manter o corpo a funcionar": desde as partes superficiais a comer, beber, sexo, e até morrer. Alguns exemplos das questões que o livro aborda e que são interessantes, mesmo para quem tem uma doença inflamatória do intestino: 

- Posso reforçar o meu sistema imunitário?

- Como funcionam as vacinas? 

- Colonoscopia: é isto o melhor que conseguimos fazer?

- Porque que é que as pessoas são intolerantes à lactose?

- Porque é que não há uma cura para uma constipação?

- O que acontece ao meu corpo quando morro?

 

O livro está à venda em Portugal Wook, infelizmente, apenas em inglês e em formato ebook. Espero que uma tradução para português aconteça rapidamente, porque é um livro que de facto vale a pena ler. Sobretudo numa época, em que tanta gente se licencia na Universidade Google e se acha o a última bolacha do pacote para prescrever tratamentos. Sem sombra de dúvida que um paciente informado, ajuda a si próprio e ao médico que o segue, mas é preciso ter cuidado com as fontes onde se obtém informação. Este livro, é um bom começo para separar trigo do jóio!

 

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... would probably say how crazy we are or how lucky we are. It would certainly be much easier to make diagnoses and treatments and who knows what else.

 

In fact, "If our bodies could talk" is a book I read some time ago and without a doubt that it's a book to consider. The book has a clear, fun and straightforward way, making it easy to understand, even in English.

 

James Hamblin is a doctor dedicated to communication to demystify and put into practice what is going on in the world of medicine. "If our bodies could talk" has different parts following the motto "keep the body running": from the superficial aspects to eating, drinking, sex, and even dying. Some interesting examples of what the book addresses, even for those who have an inflammatory bowel disease:

- Can I boost my immune system?

- How do vaccines work?

- Colonoscopy: is this the best we can do?

- Why are people lactose intolerant?

- Why is there no cure for a cold?

- What happens to my body when I die?

 

You can buy "If our bodies could talk" in Book Depository and get it delivered at your place. When so many people graduate from Google University and find themselves the last cookie in the package to prescribe treatments, this is essential reading. There is no doubt that an informed patient helps himself and the doctor who follows him, but one needs to pay attention to the sources where one obtains information. This book is a good start for separating the wheat from the chaff!

18.Jan.21

Tens DII? Dicas para uma alimentação mais agradável! || Have IBD? Tips for a more lively diet!

Estavam dois cocós a saltar à corda e chegou uma

 

Depois do post sobre alimentação e DII, várias pessoas comentaram nas redes sociais um certo desencanto por terem algumas restrições que obrigam a comer sempre a mesma coisa. É totalmente compreensível: acabamos sempre por comer mais ou menos as mesmas coisas, cozinhadas mais ou menos da mesma forma. E chateia, enjoa, uma pessoa farta-se. Afinal, somos humanos não é?

É por isso que hoje partilho convosco algumas sugestões de como poderão, mesmo dentro da mesma lista de ingredientes, ir variando os sabores e as receitas, dando a sensação muito mais agradável quando chega a hora da refeição. Implica algum trabalho de casa por vossa parte, mas acredito que ganharam muito mais em alimentação e sanidade mental! Eis as minhas sugestões com base no que fazemos cá em casa:


✔️ Primeira coisa a ter em mente: mesmo que uma receita tenha um ingrediente (ou dois) que não possam consumir, retirem-no ou troquem por outro. Eu, por exemplo, como não consigo tolerar, retiro pimenta, pimentos, picante,…


✔️ Há imenso blogs e canais de Youtube sobre culinária. São excelentes fontes de inspiração para novas experiências culinárias.

✔️ Há supermercados/ lojas que têm revistas gratuitas. Por norma têm também receitas.

✔️ Sigam contas de Instagram de culinária como o @apitadadopai ou a @_filipagomes_ ou a @lowfodmapt. Sempre ajuda a terem inspiração e ideias para receitas fáceis e acessíveis para fazerem em casa ou até para marmitas!

✔️ Há boas contas de nutricionistas que vão explicando pontos muito importantes a ter em atenção na alimentação. Por exemplo, há contas no Instagram que vale a pena seguir: @sofiarocha.nutricionista ; @embanhomaria @_carolina.reis
Mesmo não sendo dedicadas a nutrição para doenças inflamatórias do intestino ou síndrome intestino irritável, aprendem boas bases para distinguir trigo do joio das inúmeras dietas e alimentos milagrosos que vos vão aconselhando

✔️ Não sejam nazis da comida nem mais papistas que o papa. O corpo humano e a microbiota do intestino requer alimentação saudável e variada como importante contributo para se manter em forma. Por isso, se não têm intolerância ou alergia alimentar comprovada, não façam dietas de restrição porque leram na internet que faz bem.

✔️ Salvo situações específicas que o vosso médico vos aconselhará, não gastem dinheiro em suplementação se não têm carências. Podem sempre consultar um nutricionista (registrado na Ordem dos Nutricionistas) para garantir que têm uma dieta equilibrada que vos garante a ingestão diária de nutrientes que precisam. Suplementar porque sim, é dinheiro deitado fora. Que... Podem usar para comprar um livro de culinária

 

Tens mais uma sugestão que não está na lista? Partilha nos comentários para que outros possam ver!

 

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After the post about diet and IBD, several people commented on social media a certain disenchantment for having some restrictions that force you to eat the same thing repeatedly. It is totally understandable: we always eat more or less the same stuff, cooked in more or less the same way. And it annoys, it makes you sick, a person gets fed up. After all, we're human, aren't we?

That is why today I share with you some suggestions of how you can, even within the same list of ingredients, vary the flavours and recipes, giving the feeling much more pleasant when it comes time for the meal. It involves some homework on your part, but I believe that you have gained much more in food and mental health! Here are my suggestions based on what we do here at home:

 

✔️ The first thing to keep in mind: even if a recipe has an ingredient (or two), they cannot consume, remove, or exchange it for another. For example, as I can't tolerate it, I remove pepper, peppers, spicy,…

✔️ There are lots of blogs and Youtube channels about cooking. They are excellent sources of inspiration for new culinary experiences.

✔️ Some supermarkets/stores have free magazines. As a rule, they also have recipes.

✔️ Follow culinary Instagram accounts like @apitadadopai or @_filipagomes_ or @lowfodmapt. It always helps to have inspiration and ideas for easy and affordable recipes to make at home or even for lunchboxes!

✔️ There are good accounts of nutritionists explaining essential points to pay attention to in food. For example, there're interesting Instagram accounts you can follow: The Gut Health Clinic; The Gut Health Doctor, ...
Even though these are not dedicated to nutrition for inflammatory bowel diseases or irritable bowel syndrome, they learn suitable bases to distinguish the wheat from the chaff from the countless diets, and miraculous foods advised.

✔️ Don't be food nazis or more papist than the pope. The human body and gut microbiota require a healthy and varied diet is an essential contribution to staying in shape. So, if you have no proven intolerance or food allergy, don't go on restricted diets because you read on the internet that you are doing well.

✔️ Except for specific situations that your doctor will advise you, do not spend money on supplementation if you have no needs. You can always consult a nutritionist to ensure that you have a balanced diet that guarantees you the daily intake of nutrients you need. Supplementary because yes, it is money thrown away… That you can use to buy a cookbook!

 

Have another tip that is not in this list? Write it at the comments so others can see it!

 

 

11.Jan.21

O maior quebra cabeças de quem tem DII: o que comer? || What to eat when you have IBD?

Estavam dois cocós a saltar à corda e chegou uma

 

Alimentação é provavelmente a área que mais perguntas gera quando se tem uma doença inflamatória do intestino (DII).

Numa pesquisa no google ou se vaguearmos por alguns grupos do facebook, é fácil ver imensas sugestões das melhores dietas para seguir quando se tem Colite ou Cronh e que alimentos se deve excluir. Acresce que a maior das vezes, se cruzarmos informação, a mesma é contraditória. E nós continuamos em modo desespero sem saber o que comer porque tudo parece fazer mal. 

 Na verdade, nos dias em que correm há muito vudu alimentar, mas não é possível recomendar nenhum porque... nenhum deu provas científicas da sua eficácia no tratamento de uma Colite ou Cronh (e acreditem, há estudos clínicos a decorrer). No entanto, há algumas evidências mais que provadas e recomendações a seguir. (nota: toda a informação que se segue foi partilhada num evento organizado por uma equipa médica e de investigadores do Hospital de Erasme em Bruxelas em 2017). 

 

1) Evitar regimes de exclusão se não forem intolerantes!

Quando se tem uma intolerância/ alergia é possível através de exames clínicos identificá-las. Regimes de exclusão quando não são intolerantes/ alérgicos a médio - longo prazo são na realidade contraproducentes e podem gerar ainda mais carências em cima daquelas que a própria actividade da doença já traz. 

 

2) Intolerâncias são temporárias e variam de pessoa para pessoa

É normal os pacientes com DII terem intolerâncias a certo momento a determinados alimentos. E como é óbvio, são alimentos a evitar. Contudo, são intolerâncias temporárias. Ou seja, são determinados alimentos que hoje comemos e nos fazem um mal terrível e se calhar amanhã, uma semana depois, ou uns meses depois podem ser reintroduzidos sem qualquer problema. Manter um diário alimentar (anotar o que se come e os sintomas) pode ajudar a se perceber quais os alimentos agravam os sintomas. Contudo, lembrem-se que será temporário, por isso, será importante tentar reintroduzir na alimentação, começando com quantidades reduzidas do alimento em questão, e ir aumentando ao longo do tempo. É também importante ter em mente que no que diz respeito a intolerâncias, cada caso é um caso: o que faz mal a uma pessoa, não será o caso noutra. Nos pacientes com DII as intolerâncias mais frequentes são à lactose.E isto leva-me ao ponto seguinte.

 

3) Existem 2 tipos de intolerância à lactose: primária e secundária

A intolerância à lactose primária é uma condição permanente, determinada geneticamente e tem origem na redução da actividade da lactase (que é necessária para digerir a lactose). Desenvolve-se naturalmente, ao longo do tempo, com a diminuição da produção de lactase desde a infância até à idade adulta.

A quantidade de lactose que causa desconforto varia de indivíduo para indivíduo, dependendo da quantidade de lactose consumida, do grau de insuficiência da lactase e da composição nutricional do alimento no qual a lactose é ingerida. 

A intolerância à lactose secundária é uma condição temporária. A actividade da lactase é reduzida devido a doenças ou lesões que prejudicam a mucosa intestinal (como por exemplo doença celíaca não tratada, doença de Cronh, etc.). Quando a doença ou a lesão se cura ou entra em remissão, a actividade da lactase é recuperada. A intolerância pode ser permanente se a lesão for irreversível, como acontece no caso de intervenção cirúrgica com ressecção intestinal.

Por último, pode existir intolerância à lactose e ainda assim consumir queijo, iogurtes, manteiga, etc, sem ter sintomatologia porque têm níveis de lactose mais reduzidos.

 

4) Posso beber álcool?

Na verdade, não existe contra-indiccação da ingestão de álcool com Doença Inflamatória do Intestino. Contudo, o álcool pode irritar a mucosa do estômago e do intestino, mas na mesma medida de uma pessoa normal. É por essa mesma razão que quando se está em crise se deve evitar o álcool: a mucosa já está irritada que chegue, não é preciso mais lenha para a fogueira. Com cuidado e em moderação, um ou dois copos de vinho num jantar com amigos não fará mal nenhum. Convém, no entanto, relembrar que convém confirmar com o médico se a medicação que estão a tomar tem ou não interacção com a medicação. 

 

5) Devo tomar probióticos?

Bom... tendo em conta o sistema digestivo e o seu funcionamento, probióticos com Crohn é inútil. Já na Colite ulcerosa tem um impacto positivo que pode ser comparado ao mesmo benefício que se obtém com a mesalazina (por exemplo, o Pentasa e Salofalk). De facto, os probióticos podem ser utilizados para impedir a proliferação de más bactérias e ter um impacto na sintomologia como diarreias. Contudo, podem ser contra-indicados em caso de imunossupressão. Por isso, o ideal será sempre aconselharem-se com o vosso médico especialista de qual o probiótico indicado no vosso case.

 

6) Que suplementos posso fazer?

Na realidade, pessoas com DII revelam carências alimentares, ou pela actividade da doença ou pela exclusão de alimentos da dieta. Os suplementos devem ser adequados às carências que o paciente apresenta e através de análises clínicas o médico saberá indicar qual o melhor para cada um. Acresce ainda que o objectivo será sempre 1) tratar a causa das carências (ou seja, se estamos em crise, colocar-nos em remissão) e 2) corrigir as carências que o paciente apresenta. 

 

7) E produtos naturais?

A medicina não é fechada em si como muitos pensam. De facto, as terapêuticas alternativas são estudas e medida a sua eficácia. Aquelas que provam ter de facto um impacto positivo na doença são incluídas no tratamento de pessoas com DII. O vosso médico especialista poderá aconselhar-vos.

 

8) Afinal que posso ou não comer?!

Fazer uma alimentação o mais variada possível seguindo a estrutura da pirâmide alimentar. Obviamente que se detectarem um alimento que tem um impacto negativo nos sintomas, retirá-lo durante algum tempo e voltar a reintroduzi-lo mais tarde. No caso das pessoas com DII, frutas e legumes devem ser consumidos moderadamente com especial atenção em períodos de crise. 

Em certos casos clínicos, como por exemplo, no caso de estenoses, há restrições de algum tipo de alimentos por haver risco de obstrução no intestino (isto é, a comida não conseguir passar).

 

Em caso de dúvidas, devem procurar conselho de um especialista credenciado em nutrição para DII. Em Portugal, a CrohnColitePT pode ajudar a encontrar um. 

A Sociedade Europeia de Nutrição Clínica (ESPEN em inglês) publicou orientações para o acompanhamento nutricional de pessoas com DII, com base no consenso científico e na evidência existente. Tanto quanto sei, apenas estão disponíveis apenas em inglês.

 

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Food: probably the area that raises more questions when you have an Inflammatory Bowel Disease. As weird it may seem, there's no straight answer, simply, because IBD patients can, in theory, eat whatever they want, as long it follows healthy diet principles.

IBD patients suffer from temporary intolerances, and that can make it more difficult. However, a food journal, where you write what you ate and your symptoms, can help you identify those foods that increase your symptoms.

This said it is also normal for IBD patients to develop lactose intolerance, that you can get check by a proper medical exam. If you are intolerant, it means you cannot produce the necessary amount of lactase (the enzyme that digests lactose). Therefore, once you eat something with lactose above a certain threshold, you get gastrointestinal symptoms.

ESPEN, the European Society of Clinical Nutrition, published nutritional guidelines for IBD. I suggest you give them a read. It will help you better distinguished what is bullshit and what is actually a piece of good advice to follow. And of course, you can and should always get nutritional advice from clinical experts on IBD.

04.Jan.21

Quais os tratamentos para uma DII? || What are the treatments for IBD?

Estavam dois cocós a saltar à corda e chegou uma

O tratamento deve começar pelo diagnóstico preciso. Este depende do conjunto da história clínica, dos resultados dos exames físico, endoscópico, radiológico e histológico, assim como dos exames laboratoriais. O resultado desta investigação permite distinguir doença de Crohn da colite ulcerosa. (Contudo, em casos mais raros, nem sempre é possível esta distinção. Não significa que não se possa iniciar um tratamento.)

O objectivo do tratamento da doença intestinal é reduzir a inflamação que desencadeia seus sinais e sintomas. Nos melhores casos, isso pode levar não só ao alívio dos sintomas, mas também à remissão a longo prazo e redução dos riscos de complicações. O tratamento das DII geralmente envolve terapia medicamentosa ou cirurgia.

O tratamento da DII vai depender da gravidade, da extensão e do local envolvido. Um grande número de drogas que actuam como anti-inflamatórios gerais ou selectivos têm sido empregados, porém consegue-se a remissão das crises, mas não a cura da doença. Mesmo com o alívio dos sintomas é de extremamente importância manter o tratamento pelo tempo recomendado pelo médico. Só porque os sintomas aliviam, não significa que a doença está em remissão ou sob controlo. 

Toda a medicação tem efeitos secundários possíveis e por isso é recomendado de manter a posologia e a duração de tratamento recomendada. Certas medicações requerem uma monitorização próxima, que pode por vezes parecer restritiva, sobretudo para pacientes recentemente diagnosticados. No entanto, é um preço a pagar para atingir remissão em segurança. 

 Posto isto, quais são os tratamentos existentes?

tratamentos.png

 

1) Ácido 5-aminosalicílico (5-ASA)
Os fármacos anti-inflamatórios são frequentemente o primeiro passo no tratamento da doença inflamatória intestinal. A medicação a tomar depende da área do cólon afetada. Os anti-inflamatórios incluem: Sulfasalazina (Salazopirina, Azulfidina); Mesalazina de liberação retardada (Asacol, Pentasa, Salofalk, Mezavant, Lialda); Balsalazida (Colazida); Olsalazina (Dipentum).

O tratamento de manutenção com 5-ASA pode ser efetivo para manter a remissão da colite ulcerosa.

 

2) Corticosteróides
Corticosteróides têm sido usados quando o 5-ASA se mostra ineficiente. Os corticosteroides não são primeira escolha no tratamento devido aos seus efeitos secundários. Eles provavelmente agem pelas mesmas propriedades funcionais relativas dos processos inflamatórios. Parecem controlar a doença de uma maneira complexa. O uso tópico de corticosteróides, como enemas de hidrocortisona, podem ser usados como alternativa ao 5-ASA para doentes com proctite ulcerativa ou colite ulcerosa distal. Prednisona ou prednisolona oral são usadas com moderação em colites severas, sendo a administração intravenosa reservada para pacientes graves que requerem hospitalização. Cuidados especiais devem ser tomados no uso prolongado de corticosteróides, pois é frequente o aparecimento de hipertensão arterial, diabetes e osteoporose.

Neste grupo estão incluídos: Prednisona, Budesonide (Entocort), Prednisolona, Hidrocortisona, Betametasona (Betnesol) e Metilpredinisolona (Solu-Medrol). 

 

3) Agentes imunossupressores 

Estes medicamentos funcionam de diversas maneiras para suprimir a resposta imune que liberta substâncias químicas induzindo inflamação na mucosa intestinal. Para algumas pessoas, uma combinação destes medicamentos funciona melhor do que um medicamento isolado.

Alguns exemplos de drogas imunossupressoras incluem azatioprina (Azasan, Imuran), mercaptopurina (Purinethol, Purixan), ciclosporina (Gengraf, Neoral, Sandimmune) e metotrexato (Trexall).

 

4) Biológicos (imunomodeladores)

Tem-se expandido o papel dos imunomoduladores no tratamento de pacientes com DII. Estes agentes são geralmente úteis para pacientes nos quais a dose de corticosteróide não pode ser diminuída ou descontinuada. Estes medicamentos, da mesma forma que os corticosteróides, expõem os doentes ao risco de infecção oportunista. Esta classe de medicamentos chamados na gíria biológicos (porque são feitos a partir de células vivas em vez de sintetizadas em laboratório), funciona neutralizando uma proteína produzida pelo próprio sistema imunológico. Exemplos incluem infliximab (Remicade), adalimumab (Humira) e golimumab (Simponi). Outras terapias biológicas que podem ser utilizadas são natalizumab (Tysabri), vedolizumab (Entyvio) e ustekinumab (Stelara).

 

A abordagem de tratamento depende do quadro clínico de cada um e cabe ao médico decidir com o portador de DII qual a melhor abordagem de acordo com o seu quadro clínico. A imagem abaixo mostra duas estratégicas possíveis: ou começa-se pelos 5-Asas e vai-se escalando consoante a evolução do paciente; ou começa-se pelo topo da pirâmide (cirurgia em casos que assim o requeiram ou biológicos). No meu caso, em mais de 13 anos de Colite Ulcerosa a estratégia de tratamento que o médico gastroenterologista seguiu tanto foi uma como a outra, dependendo da severidade das minhas crises. 

A medicação é administrada de diferentes formas: uma tem que ser aplicada via recto, outra via oral, outros via intravenosa ou ainda injectável intramuscular.

 

No entanto, em certos casos poderá ser necessário ainda outras formas de tratamento adicionais:

5) Antibióticos

Os antibióticos podem ser utilizados além de outros medicamentos ou quando a infecção é uma preocupação - por exemplo, em casos de doença de Crohn perianal. Os antibióticos frequentemente prescritos incluem ciprofloxacina (Cipro) e metronidazol (Flagyl).

 

6) Outros medicamentos e suplementos

Além de controlar a inflamação, alguns medicamentos podem ajudar a aliviar alguns sintomas, MAS, qualquer medicamento e/ ou suplemento só deve ser tomando mediante indicação médica. Dependendo da gravidade da sua DII, o seu médico pode recomendar um ou mais dos seguintes itens:

- Medicamentos anti-diarréicos. Um suplemento de fibra - como o pó de psyllium (Metamucil) ou metilcelulose (Citrucel) - pode ajudar a aliviar a diarreia leve a moderada, adicionando volume às suas fezes. Para uma diarreia mais grave, a loperamida (Imodium A-D) pode ser eficaz. Alguns destes medicamentos, como a loperamida (Imodium, por exemplo), estão disponíveis sem receita médica. Outros, como o difenoxilato (Lomotil, por exemplo), estão disponíveis apenas com receita médica. Estes medicamentos contêem ingredientes que retardam ou param os espasmos nos intestinos que causam sintomas. Contudo podem ser perigosos quando usados com inflamação moderada ou grave do cólon, porque podem causar uma complicação séria chamada megacólon tóxico em que o cólon incha aumentando enormemente o seu tamanho normal (e cujo tratamento é remoção total do colon). Por isso, antidiarreicos somente sob a supervisão do seu médico. Parar imediatamente de tomar se tiverem febre ou dor de barriga severa. Se tomaram antidiarreicos durante 10 dias e ainda tem diarréia, é altura de falar com o médico.

 

- Alívio da dor. Para dor leve, seu médico pode recomendar acetaminofeno (Tylenol, outros). No entanto, o ibuprofeno (Advil, Motrin IB, outros), o naproxeno sódico (Aleve) e o diclofenac sódico (Voltaren) provavelmente irão piorar os sintomas e também piorar a actividade da doença. Mais uma vez: só devem ser tomados mediante indicação médica!

- Suplementos de ferro. Se tem sangramento intestinal crónico, é muito provável que desenvolva anemia ferropriva e deverá tomar suplementos de ferro. Contudo, suplementos orais de ferro podem ser contraproducentes em pessoas de DII por provocarem mais diarreias e sintomatologia, que pode ser facilmente confundida com o agravamento da DII. Nesse caso, ferro intravenoso é prescrito pelo médico.

- Suplementos de cálcio e vitamina D. Na doença de Crohn e Colite Ulcerosa, os esteróides (vulgo cortisona) usados ​​para tratá-las podem aumentar o risco de osteoporose. Nestes casos, poderá ser necessário tomar um suplemento de cálcio com vitamina D adicionada.

 

7) Cirurgia

Se a dieta e o estilo de vida mudar, a terapia com medicamentos ou outros tratamentos não aliviam os sinais e sintomas da DII, o médico pode recomendar a cirurgia.

Cirurgia para colite ulcerosa: A cirurgia geralmente pode eliminar a colite ulcerosa. Mas também significa remover todo o cólon e recto (proctocolectomia) e tem as suas consequências.

Na maioria dos casos, isso envolve um procedimento chamado anastomose anal da bolsa ileal. Este procedimento elimina a necessidade de usar uma bolsa para coletar fezes. O cirurgião constrói uma bolsa do final do intestino delgado. A bolsa é então anexada directamente ao ânus, permitindo que expulsar o lixo de forma relativamente normal.

Em alguns casos, uma bolsa não é possível. Em vez disso, os cirurgiões criam uma abertura permanente no abdómen (estomago ileal) através da qual as fezes são passadas para coleta num saco em anexo.

Cirurgia para a doença de Crohn: Pelo menos metade das pessoas com doença de Crohn exigirá pelo menos uma cirurgia. No entanto, a cirurgia não cura a doença de Crohn.

Durante a cirurgia, o cirurgião remove uma porção danificada do trato digestivo e depois reconecta as secções saudáveis. A cirurgia também pode ser usada para fechar fístulas e drenar abscessos.

Os benefícios da cirurgia para a doença de Crohn são geralmente temporários. A doença geralmente repete-se, frequentemente perto do tecido reconectado. A melhor abordagem é seguir a cirurgia com medicação para minimizar o risco de recorrência.

 

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Although this is an extremely long text in Portuguese, there is excellent good quality information in English you can find online. I will leave below some references:

Mayo Clinic

Crohn’s and Colitis Foundation of America

Crohn's and Colitis Canada

Should you have any question, just drop a comment!

 

NOTA: Nada do que escrevi ou escrevo aqui se sobrepõe à opinião do vosso médico. Se têm dúvidas perguntem ao vosso médico ou peçam uma segunda opinião a um médico especializado.